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Servidores relatam aprendizados e experiências vividas em diferentes países
IFTO pelo mundo!
Cada vez mais, servidores públicos têm participado de programas de intercâmbio acadêmico, com o objetivo de ampliar repertórios, trocar experiências e trazer soluções inovadoras para suas vivências profissionais. No Instituto Federal do Tocantins (IFTO), técnicos administrativos e docentes compartilharam experiências vivenciadas fora do país, ressaltando o valor da formação continuada, da coragem para enfrentar desafios e do compromisso com uma educação pública mais qualificada e conectada globalmente. Troca de práticas educacionais e culturais; atividades de mentoria e conversação; imersões linguísticas e culturais intensas em renomadas universidades são algumas das vivências marcantes relatadas por intercambistas de diferentes campi do IFTO. Em comum: a persistência em se preparar para as seleções e não desistir do sonho de viver essa experiência internacional.
Espanha
A servidora técnica em Assuntos Educacionais, do Campus Gurupi, Mari Falleiro, foi selecionada em edital para graduados ou graduandos em Licenciatura em Letras (Português/Espanhol) de instituições da Rede Federal vinculadas ao Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica (Conif). O programa oferecia vagas para atuação como assistente de conversação na Espanha. Mari conta que, em 2024, participou da seleção e alcançou a sétima colocação, ficando fora do número de vagas. "Fiquei triste no momento, mas comecei a me organizar, procurando mais cursos relacionados ao que o programa exigia, já me preparando para participar do programa do próximo ano 2025/2026", relembrou. Para sua surpresa, mesmo com o resultado inicial, recebeu um e-mail do Ministério da Educação da Espanha informando sobre uma vaga remanescente e questionando se ainda teria interesse. "Obviamente que aceitei de imediato".
A servidora relata que, no processo de seleção, das três opções de localidades indicadas, foi contemplada com a região que desejava: a Andaluzia. "Me mandaram para uma cidade chamada Cártama (18 mil habitantes), que faz parte da província de Málaga, uma cidade com mais de 500 mil habitantes e considerada uma das mais importantes da Espanha, por sua história, castelos, e por ser a cidade do pintor famoso Pablo Picasso. Fiquei encantada com a escolha", relembrou.


Ela conta que foi recepcionada na escola Educación Secundaria Valle Del Azahar, onde permaneceu por oito meses. "Todos os professores aos quais eu tive contato, não só de línguas, mas de outras áreas, me ajudaram muito, não só me ensinando o idioma espanhol, mas também contando as histórias do país, o qual sempre tive muita curiosidade em conhecer. Fiz muita amizade com os servidores desta instituição".
Mari destacou que a conversação foi um dos principais desafios durante o intercâmbio, mas considerou a experiência extremamente enriquecedora, tanto pessoal quanto profissionalmente. Ela ressalta a importância da dedicação aos estudos e da busca constante por conhecimento como caminhos para o crescimento. Para ela, embora o medo seja natural, é fundamental ter coragem para aproveitar as oportunidades e evoluir. "Para evoluirmos como pessoa, como profissional, no quesito cultural, não há segredo, o que temos que fazer mesmo é nos dedicar aos estudos, buscar conhecimento".
Entre as principais atividades desenvolvidas, a servidora auxiliava na aplicação de provas, reforçava conteúdos e explicava as variações linguísticas existentes entre os três países (Portugal, Brasil e Espanha), além de ajudar nas traduções das atividades diárias.
Irlanda
O servidor Maurício Donato, docente engenheiro químico no Campus Paraíso do Tocantins, também compartilhou sua experiência de passar uma temporada na Irlanda. "Me inscrevi num edital da CAPES que tinha o objetivo de enviar professores da educação básica do Brasil para a Irlanda para estudar Inglês Avançado e uma Especialização em Mentoria e Gestão Escolar. Foram selecionados 28 professores, um de cada estado, mais a ampla concorrência, e eu fiquei em primeiro lugar na seleção pelo Tocantins", relembrou.
Ele ficou na cidade de Limerick e estudou na instituição Mary Immaculate College, referência na formação de professores do ensino básico. Por nove meses, dividiu um apartamento com outros quatro professores numa acomodação estudantil. Ao chegar ao país, fez um curso de três semanas de Inglês Avançado para Fins Acadêmicos. Depois, iniciou a especialização em Mentoria e Gestão Escolar. Maurício também participou de eventos educacionais na Irlanda e de atividades culturais organizadas pela universidade.


"Acredito que essa experiência me fez um profissional melhor, pois pude estudar em uma universidade europeia de tradição no ensino da docência. Eles possuem alguns programas interessantes, como a necessidade de análise de antecedentes criminais antes de ter contato com os alunos e um sistema de mentoria de novos professores, no qual professores mais antigos observam aulas de processos recém-qualificados e dão sugestões de uma maneira construtiva, que os incentiva a pensar na prática docente", relatou.
O servidor falou ainda sobre como foi interessante conviver com professores de todo o país. "Deu para ter uma noção das particularidades do setor educacional do país, tanto em termos das diferentes demandas locais que existem, como também do comportamento dos professores em cada lugar. Notei também que o Brasil tem iniciativas interessantes que eles não têm na Europa, como oportunidades de alunos participarem de projetos, fornecimento de alimentação escolar e até mesmo o fornecimento de livros escolares", detalhou.
Maurício conta que teve a oportunidade de ministrar uma palestra sobre o IFTO e compartilhar a experiência de participar dos projetos de extensão, prática inexistente naquela instituição. Também destacou experiências culturais marcantes que vivenciou durante o período em que esteve na Irlanda, como ver a neve pela primeira vez, observar a aurora boreal da varanda do seu apartamento e celebrar o Halloween, tradição que, historicamente, começou naquele país.
Estados Unidos
Professores do IFTO participaram recentemente do Programa de Desenvolvimento Profissional de Professores de Língua Inglesa nos Estados Unidos (PDPI), criado em 2010 pela Capes em parceria com a Comissão Fulbright. Durante seis semanas, participaram de cursos intensivos de imersão e aperfeiçoamento em universidades norte-americanas. A seleção é feita via edital anual e inclui prova de proficiência em inglês, entre outros critérios. Em 2025, mais de 290 professores de todo o Brasil foram contemplados e distribuídos em seis universidades.
A professora de Inglês do Campus Gurupi, Mônica Guimarães, compartilhou sua experiência de intercâmbio na cidade de Charlotte, na Carolina do Norte, nos EUA. Ela atuou na University of North Carolina in Charlotte. Após tentativas anteriores, conseguiu realizar o sonho antigo de estudar no exterior. Por ter nota de TOEFL acima do permitido para os níveis oferecidos, não havia sido selecionada, até que, finalmente, neste ano, se preparou novamente e foi aprovada para o nível avançado.
"A recepção não poderia ter sido melhor. Fomos tratados como visitas muito especiais e muito queridas. Os nossos alojamentos foram excelentes. Ficamos em apartamentos reservados aos alunos da universidade. Éramos quatro em cada apartamento, cada um com seu próprio quarto com cama, mesa e armários. Compartilhávamos a cozinha, a sala e o banheiro. Foi uma oportunidade excelente para conhecer professoras da Bahia e do Mato Grosso do Sul", relembrou. A professora detalha que as atividades eram distribuídas em aulas pela manhã e tarde, além de passeios turísticos, culturais, gastronômicos e de entretenimento. Ela conta que foi desafiador lidar com o clima quente e úmido do lugar, a alimentação e as ruas acidentadas da região.

Mônica relatou como a experiência foi enriquecedora para sua vida pessoal e profissional. "A contribuição é enorme. Muitas coisas aprendidas, muitos desafios lançados para se ter uma aula de língua estrangeira mais eficaz e eficiente. Acredito que o maior ganho é a conscientização da importância da internacionalização da educação. É preciso que não só os professores de língua estrangeira saibam disso, mas é extremamente vital que todo o corpo docente, bem como toda a gestão, realmente se conscientize de que a internacionalização da educação vai para além dos Centros de Línguas ou de laboratórios de línguas, ela permeia todas as relações e precisa ser incentivada e buscada com bastante foco e determinação", destacou.
A servidora enfatizou ainda que intercâmbios são fundamentais para a internacionalização e o desenvolvimento pessoal, mas ainda são um privilégio de poucos. Ela defende que mais pessoas tenham acesso a essas experiências, que ampliam a visão de mundo e promovem o aprendizado cultural e linguístico. Com base em suas próprias vivências, reforça a importância de tornar essas oportunidades acessíveis a todos os brasileiros. "Gostaria de destacar a importância da busca pela formação continuada. Enquanto em sala de aula, é preciso que essa busca seja eterna, talvez até para além da sala de aula. Li uma vez em certo lugar, a idade já não me permite pontuar exatamente, que quando se para de aprender, morremos. Penso que essa profissão que me escolheu seja a tradução disso, o amor por estar continuamente aprendendo e buscando formas de ser uma pessoa melhor e compartilhar isso com o próximo. Obrigada IFTO, CAPES, FULBRIGHT por essa oportunidade incrível", pontuou.
A servidora Márcia Pessoa, professora de Língua e Literatura no Campus Dianópolis, também participou do mesmo programa. Ela foi designada para a Michigan State University (MSU). Conta que o curso abordou temas como Metodologia de Ensino, História e Cultura Americana e Comunicação, com atividades variadas e de alto nível acadêmico. Também foram apresentadas novas abordagens pedagógicas, como a instrução diferenciada, e houve aprofundamento no uso de literatura e materiais autênticos no ensino de inglês. "Além da rotina acadêmica, o campus da MSU tornou-se um verdadeiro cenário de encantamento: jardins arborizados, fauna abundante, o rio Red Cedar, esquilos e gansos que nos acompanhavam nos mais de seis quilômetros de caminhada diária. A infraestrutura oferecida – alimentação, hospedagem e até lavanderia – garantiu conforto e tranquilidade para que pudéssemos nos dedicar integralmente aos estudos", detalhou.
Márcia relatou que a programação incluiu diversas visitas culturais e históricas, como Chicago, a Ilha de Mackinac e o Museu Ford, onde vivenciou momentos marcantes, como sentar-se no banco usado por Rosa Parks. Em Lansing, participou de atividades em um centro de acolhimento a refugiados, visitou o museu histórico, o Capitólio Estadual e um centro cultural indígena. Também teve experiências culturais típicas, como aprender a jogar beisebol e assistir a um jogo profissional. Para fechar com chave de ouro, teve a surpresa de dividir o hotel com o ex-jogador de basquete Magic Johnson nos últimos dias da viagem.

"Voltei ao Brasil com bagagem acadêmica e cultural enriquecida, muitos livros e a motivação renovada para aprimorar minhas práticas docentes. Agradeço ao IFTO pelo apoio e ao governo brasileiro pela manutenção de iniciativas como o PDPI. Programas dessa natureza são transformadores e merecem ser consolidados como política pública permanente, de modo a beneficiar ainda mais professores e, consequentemente, nossos estudantes", afirmou.
Por sua vez, Vonínio Castro, professor de Letras no Campus Porto Nacional, participou do mesmo programa e foi designado para o Ohio Program of Intensive English (OPIE), na Ohio University, em Athens, Ohio. Ele conta como toda a estrutura, recepção e vivência foram enriquecedoras em sua jornada. "Ajudou a aprimorar minhas habilidades no inglês e conhecer mais ainda sobre a história e cultura americana. Com uma recepção calorosa e memorável por parte do diretor do programa, Dr. Gerry, e da coordenadora e professora Rebecca Challenger. Tendo dormitório e as refeições custeados pelo programa e dentro da universidade, vivi em um ambiente acadêmico que oferece todas as condições para se estudar, com salas de aulas confortáveis, biblioteca, internet, ambientes de estudo dentro do prédio do dormitório e atividades acadêmicas e culturais", relembrou.
O professor relatou que participou de diversas atividades durante o programa, incluindo aulas dinâmicas de gramática, vocabulário e conversação com métodos interativos, além de workshops sobre cultura americana, onde aprendeu sobre costumes e diversidade dos EUA. Também fez passeios e visitas culturais em Ohio, o que proporcionou prática imersiva do inglês. Destacou a experiência do homestay com uma família americana em Cleveland, onde praticou intensamente o idioma e conheceu a rotina e culinária local. Houve ainda avaliações contínuas, com feedbacks formais e informais, que ajudaram no monitoramento de seu progresso e na definição de metas de aprendizagem.
"Essas atividades contribuíram significativamente para o meu desenvolvimento linguístico e cultural dos participantes, preparando-nos para futuros desafios acadêmicos e profissionais, para o meu crescimento pessoal e profissional, maior experiência com a língua inglesa, metodologias de ensino e aprendizagem e mais conhecimentos sobre a história e cultura americana", destacou.


Vonínio recomenda que professores de inglês, especialmente da rede pública, participem do PDPI e de outros intercâmbios, independentemente do nível de proficiência. Segundo ele, o esforço vale a pena, pois os benefícios se estendem aos estudantes, à escola e à família, gerando mudanças positivas pessoais e profissionais. Ele finalizou agradecendo à CAPES, à Fulbright e ao IFTO pela oportunidade.
Relações Internacionais
Mais do que adquirir fluência em um idioma ou conhecer novas culturas, essas vivências contribuem para a construção de uma educação pública mais inclusiva, atualizada e conectada com o mundo. O IFTO apoia essa iniciativa por meio da Coordenação de Relações e Assuntos Internacionais (vinculada à Pró-Reitoria de Extensão), setor responsável pela realização e difusão das ações de cooperação internacional no âmbito acadêmico, promovendo a interação com instituições de ensino e pesquisa no exterior. Um dos eixos de trabalho do setor é o incentivo à realização de intercâmbios por parte de professores e estudantes com instituições conveniadas, bem como a atuação na formulação de acordos de cooperação técnica, científica e cultural.